quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Contribuição Feminina
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Na falta de...
Então, um sugestão de banda pra galera que gosta de uma música meio folk, meio indie...
Descobri há pouco tempo uma banda do Reino Unido chamada Mumford and Sons.
Além das boas músicas usando bandolin, tchelo e afinações totalmente alternativas, os clipes em si são bem feitos, ao menos no meu gosto. Tanto na qualidade da imagem como nos figurinos, cenários, etc.
Aqui dois vídeos deles, espero que gostem!!!
sábado, 6 de novembro de 2010
Intolerância Religiosa (V)
Em meio a essas leituras me deparei com um artigo do então deputado federal José Genoíno (PT) que, ao meu ver, é bastante atual. Como não tenho o tempo necessário pra escrever algo digno, amenizo a minha ausência reproduzindo o artigo logo abaixo.
Guerra Santa e tolerância
José Genoino
O fim da Guerra Fria e a desvalorização do conflito ideológico parece que estão abrindo espaço para outras formas de intolerância neste final de século. Alguns teóricos chegam a projetar que o século 21 será recortado por conflitos civilizacionais. Estrategistas ocidentais vêem no islamismo o novo "grande mal" que ameaça os fundamentos da civilização greco-romana-cristã. A exacerbação dos conflitos étnicos é outra manifestação de intolerância, de desorientação em relação a valores universais e de anomia. O desespero social, o individualismo anti-social, a perda de sentido da vida em sociedade política etc., são ingredientes que alimentam o conservadorismo e todas as formas de fanatismo. Nesse final de século, as pessoas parecem estar mais dispostas a se refugiarem no seu gueto a buscar alternativas de reconstrução de uma comunidade política democrática. A chamada "guerra santa", envolvendo a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Católica está carregada por esses condicionamentos que marcam o presente.
Aparentemente, o conflito entre as duas igrejas não teria razão de ser. Ambas são herdeiras da mesma orientação e comungam os mesmos valores religiosos e civilizacionais. Mas, há séculos, foi-se o ecumenismo dos primeiros cristãos. Todo o cristianismo institucionalizado em igreja, a exemplo de qualquer outra religião, repudia o ecumenismo na medida em que prega a sua crença como a única verdadeira. Por princípio, a religião institucionalizada, ao absolurizar a sua "verdade" como a verdade, detrata um dos direitos fundamentais da pessoa humana que é o da liberdade de convicção. Se as igrejas se toleram uma às outras é graças à imposição do Estado.
No Brasil sempre houve uma ligação entre Estado e Igreja. A Igreja Católica ocupou e ocupa espaços, influencia decisões de governo a partir da ótica religiosa, estabelece vínculos valorativos com as normas institucionais e pressiona pela vigência do ensino religiosa nas escolas. A própria constitucionalização do nome de Deus expressa a intervenção da igreja nos assuntos do Estado. Mais recentemente, várias igrejas se lançaram numa renhida disputa pelo controle dos meios de comunicação. Rádio e TVs são instrumentos poderosos de influência e de poder político. A partir deles, as igrejas não interferem apenas nos assuntos de fé, mas articulam interesses políticos em favor de grupos, partidos e candidatos. Num Estado laico, defensor do princípio do pluralismo religioso, como deve ser o Estado democrático, essa ingerência das igrejas nos assuntos políticos é algo inaceitável e perigoso. Corre-se o risco de politização das disputas religiosas.
Quando as igrejas se lançam na disputa pelo poder, fere-se a religiosidade dos indivíduos, pois esta se fundamenta na experiência intuitiva da fé e a disputa pelo poder desloca o respeito ao pluralismo em nome do autocentrismo. A intromissão de uma igreja ma disputa de poder não representa apenas um desrespeito a outras religiões, mas também aos indivíduos que não professam nenhuma religião. A agressão a símbolos religiosos também agride o direito humano da liberdade religiosa e estimula o sectarismo, a intolerância e o absolutismo da crença. A reiteração dessa prática agressiva, seja por palavras ou atos, principalmente quando assume dimensões de massa, pode estimular o extravasamento de outros instintos agressivos da população.
Diante da potencialização da intolerância religiosa, o poder político, particularmente o Legislativo, deve monitorar esse conflito e, se necessário, instituir nova legislação mais rígida para coibir as manifestações de intolerância. Acredito que é preciso também reexaminar a relação das igrejas com os meios de comunicação e a instrumentalização da política que fazem de rádios e TVs. Quanto às igrejas, espera-se que sejam tolerantes umas com as outras e que respeitem a liberdade de consciência dos indivíduos não apenas porque os preceitos legais assim exigem.
A tolerância vincula-se ao respeito ao direito que cada um tem de professar a sua própria verdade e a sua liberdade de convicções. Como bem ensina Noberto Bobbio, a tolerância é um método universal de "convicência civil" e, acrescente-se, religiosa. Só ela permite a recusa consciente à violência, a instauração da confiança na razão, caminho pelo qual as idéias podem triunfar pela luz iluminadora do diálogo. Se há uma verdade, ao menos no âmbito social e político, ela é uma verdade compartilhada a partir de opiniões diversas. A intolerância verbal e física manifesta a impotência de argumentos e uma falsa confiança nas próprias crenças de quem recorre a esses métodos para fazer valer suas opiniões.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Seja bem-vinda, Presidenta
Desde Princesa Isabel, nunca mais tivemos uma mulher à frente dos rumos da nação. No Brasil repúblicano, o fato é inédito. E me alegra que tenha se dado em contexto democrático, ainda que discorde de muitas das diretrizes do partido vencedor (no qual votei neste segundo turno por discordar ainda mais do outro). No que tange às medidas políticas, confesso que me é indiferente se o governante, individualmente, é homem, mulher, branco, negro ou indígena. Um governante homem de um partido simpático às bandeiras feministas tenderia a adotar mais políticas afirmativas de gênero que uma governante mulher de um partido mais conservador.
O que me alegra, especialmente nesse momento de ressaca eleitoral, é o significado simbólico de um país de raizes culturais conservadoras elevar ao poder, pelas vias democráticas, uma mulher. É claro que, para tal, ela precisou se valer de uma estrutura partidária consolidada, de um cabo eleitoral forte, de um marketing eficiente - e despolitizante - e de alianças duvidosas. Não se trata, portanto, de um elogio à política petista, mas de admitir que surgiu em mim uma esperança de que tudo aquilo de desprezível que enumerei no post anterior seja um dia superado. A eleição de Dilma não tem, evidentemente, a força (não só) simbólica de subversão que foi a eleição de Evo Morales na Bolívia. Mas não podemos desprezar que termos nossa primeira presidenta (gosto do caráter enfático do gênero desse termo) possui seu significado e suas conseqüências a serem refletidas.
Quanto aos rumos políticos do país, parece que pouco muda com Dilma - e a real esquerda não deve baixar a guarda. Quanto ao machismo cultural da sociedade, parece que algo pode mudar. Lutemos para isso.
Seja bem-vinda, presidenta.