Boa Noite, caros leitores.
É em meio a um enorme cansaço após um dia repleto de desgastes físicos e psicológicos que vos escrevo. Escrevo, na verdade, enquanto um sujeito de má vontade e pouca simpatia, denominado mestre e doutor, tenta lecionar-me acerca da organização partidária esquerdista às vésperas do golpe militar que nos trouxe tempos sombrios até os anos 80.
Partidos de esquerda, aliás, fazem parte da reflexão que me trouxe aqui. Porque se a vontade de engajamento político me comove mais e mais a cada dia, a possibilidade de engajamento partidário me parece crescentemente desinteressante.
Eis, enfim, minhas perguntas de partida: 1. Quais os alcances e os limites das ações organizadas estudantis protagonizadas pelos órgãos representativos locais (CA's, DA's,...)? 2. Quais os impactos das intervenções partidárias nesses órgãos? 3. As estratégias são democráticas e eficazes?
Para evitar generalizações, terei como base minha experiência pessoal, sem alcunhar os bovinos, e responderei brevemente à cada uma das perguntas que propus, esperando que nossos inteligentes leitores manifestem-se nos comentários.
1. Acredito que as entidades representativas estudantis devem ter como o grande objetivo defender os interesses imediatos e locais dos estudantes. Isso não as impediria de realizar debates e movimentos sobre temas mais amplos, o que além de válido é necessário para uma inserção na conjuntura política contextual. Irrita-me a auto-visão messiânica que têm muitas vezes os líderes, que querem, de dentro da universidade, resolver problemas como o aquecimento global e o embargo à Cuba. Isso gera pautas amplas e distantes das necessidades reais dos estudantes representados e, nos atos realizados, essas necessidades são colocadas em segundo plano.
2. Exatamente pelo ítem anterior é que me incomodam os partidos inflitrados no movimento estudantil. É claro e observável que as chapas que concorrem a tais representatividades são organizadas de acordo com os partidos dos quais os estudantes "politizados" participam. O problema é que se tenta alocar as pautas dos partidos na pauta da luta estudantil, estendendo as razões da luta e ocasionando os problemas do ítem 1.
3. Por fim, dirijo minhas críticas ao modo como se organiza o movimento. Assembléias má divulgadas, excludentes e sem quórum definido previamente; mesas parciais e tendenciosas; artimanhas políticas que favorecem votações em determinado sentido; repúdio a qualquer burocracia, inclusive à necessária... Enfim, poderiam ser listados inúmeros motivos para questionar a legitimidade de certas decisões. Com essas práticas, muitos estudantes, sobretudos calouros, acabam por não serem conscientizados, mas conduzidos.
Em poucas palavras: os meios são mal formulados; os fins são trazidos de fora do âmbito estudantil; e os resultados, para a vida prática dos estudantes, são nulos. Eis minha crítica.
Sem mais, fico no aguardo de vossos elogios e retaliações.
Abraços,
Casmurro
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Universidade Pública e Política
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Pronto para viagem?
Considero a sétima arte bem interessante e não sei bem porque cargas d’água não vejo muitos filmes, mas é um fato.
Com os meus amigos de blog recebo constantemente dicas de títulos interessantes que não posso deixar de ver, ando assistindo a eles.
Nesse final de semana vi Diários de Motocicleta e me apaixonei!
O filme foi inspirado nos diários de viagem de Alberto Granado e Ernestro Guevara que relatam as experiências vividas pelos dois em sua viagem pela América Latina.
Como ainda hoje é possível ver, viajando pelos povos Latinos os dois jovens puderam observar desigualdades sociais absurdas, e o enorme descaso de poderosos frente aos mais pobres e marginalizados. Ao mesmo tempo, notaram à força de um povo que não desiste, que tem esperança em dias melhores, e que está disposto a lutar para que eles cheguem. O que ocasiounou nos dois viajantes, juntamente é claro com a alegria de conhecer novos lugares e as belas paisagens, uma indignação profunda, e uma mudança real da forma de pensar, de identidade. Por fim, o que era pra ser uma viagem de espíritos inquietos, tornou-se a centelha para ascender em Ernestro um líder revolucionário.
É um filme emocionante e inspirador, que nos faz rever nossos conceitos e ideais, e nos dá vontade de lutar pelo bom e pelo bem.
E que assim seja.
Aaaaah!! Vale lembrar também que o diretor do filme é brasileiro. Sim, tenho lá meus nacionalismos...
Colombina.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
AMOR, essa palavra
Primeiramente queria comunicar aos nossos assíduos leitores que houveram mudanças burocráticas em nossa gestão deste meio:
- Primeira: agora as publicações serão a cada dois dias.
- Segunda: não mais seguiremos temas impostos, teremos o livre arbítrio de nossas pequenas mentes.
Pois bem, seguindo este 'livre arbítrio' gostaria de pegar o gancho (desculpe o jargão homo academicus) na última publicação de minha estimada Psiquê e tecer um pequeno debate sobre o 'Amor'.
Confesso que tal palavra sempre me incomodou por ser usada e abusada em tantas ocasiões e muitas vezes sem ter algum sentido relacional entre elas.
Há alguns anos, tomado por dúvidas, resolvi buscar quais seriam as raizes etimológicas de tão complexa palavra. O resultado (ou o que lembro dele) compartilho com vossas senhorias agora (de maneira demasiada resumida).
AMOR em nossa linguagem, deriva de três palavras gregas: Eros, Philia e Agape. Ou seja, uma única palavra nossa, tem três significados diferentes.
EROS:
É aquele sentimento 'enraizado' no ser humano, possessivo, a atração física entre duas pessoas, o impulso 'erótico', carnal. Amor Eros tem tudo a ver com sexo. É justamente o sentimento ocasionado pelo impulso sexual perante o outro. Note bem, a atração sem sentimento é mero tesão. Muito usado por Platão.
PHILIA:
É o sentimento fraternal, de camaradagem, de querer o bem do outro, de irmandade, de amizade. Seria aquilo que se sente por um grande amigo ou quem sabe uma namorada.
É usado muito por Aristóteles.
É aquela sentimento cego, incondicional, infinito. Se encaixa na concepção de amor divino ou até de paixão.
É o usado na bíblia para se referir a Deus, quase sempre acompanhado de CARITAS (caridade).
Agora venho propor uma discussão:
O problema está no sentimento em si ou tudo é apenas uma questão de semântica?
O amor burguês referenciado na última publicação não seria as concepções EROS+PHILIA+AGAPE em uma só?
É possível sentir mais de dois ao mesmo tempo?
Necessariamente esse sentimento só é possível se destinado a uma única pessoa?
(Soren Kierkegaard)
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Amor Burguês?
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Música e subjetividade
É com certo ar sombrio que altero minha alcunha para Casmurro. Identifico-me mais com o velho mal humorado que com o jovem inseguro da obra machadiana. Sem mais, vamos ao tema.
Parto minha breve divagação de uma pergunta: por que, independentemente de estilo musical, certas canções fazem mais sucesso que outras? Ou melhor: por que, muitas vezes, uma canção poeticamente fantástica não alcança a popularidade de outra feita embasada sobre um livro de rimas?
Quando ouço "Festa no apê", "Beber, cair e levantar" e outras tantas chego a esta questão, sobre a qual exporei meu pensamento.
Em primeiro lugar, a música é uma feição cultural. Está totalmente ligada às tendências culturais do momento social e seu sucesso é dele dependente. Não quero dizer que só faz sucesso a música que atende ao estilo determinado pelo momento. Mas sim que o sucesso está condicionado à uma potencial receptividade do público, cuja característica é determinada pela cultura.
Mas a cultura não é homogênea. Varia de acordo com localidade, religião, condição social e outras questões. Não há UMA cultura, mas inúmeros grupos culturais, unidos de forma organizada ou não, que apresentam certa receptividade a certo tipo musical. Evidentemente, essas culturas interagem entre si, se auto-influenciam, e sofrem influencias de fatores externos, como culturas estrangeiras, os meios de comunicação em massa e o contexto socio-economico.
Dessa forma, moldam-se subjetividades que potencialmente legitimam sucesso de determinado estilo musical e letra. No fundo, o que as pessoas desejam é se ouvirem nas canções, como certamente diria Levi-Strauss. As pessoas querem músicas que, no estilo e na letra, representem o que elas sentem. Uma pessoa com uma personalidade que tende para a cultura punk, mesmo que nao seja do movimento, irá se ouvir na música punk e apreciá-la.
É evidente que os interesses políticos e as tendências dos meios têm uma essencial importância na divulgação. Músicas que criticam fortemente o sistema e os meios de comunicação não serão bem-vindas. E assim, o grupo cultural que poderia se interessar por determinada banda, não tem acesso. É um problema grave, mas que está sendo - pelo menos um pouco - amenizado pela internet e as facilidades que esta promoveu ao acesso cultural.
Enfim, encerro aqui minha reflexão.
Ela daria muito mais assunto e exemplos, mas temo ficar efadonho.
Um bom final de semana a todos,
Casmurro
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Brave New World
A de hoje está em segundo lugar de meu ranking: BRAVE NEW WORLD (Admirável Mundo Novo).
Foi escrito em 1932, por ninguém menos que o genial Aldous Huxley (se você nunca ouviu falar, crie vergonha na cara e pesquise sua biografia).
No Brasil é comercializado pela editora Globo (o que é bem estranho).
Como toda boa distopia o livro se dá em um futuro indeterminado e hipotético. Mas o que mais chama atenção, é que muito do que ali é escrito como hipótese realmente aconteceu ou vem acontecendo, tanto que mais tarde Huxley escreve um ensaio intitulado "Retorno ao Admirável Mundo Novo" onde ele demonstra as realizações "proféticas" do que escreveu.
Dito isso, voltemos a obra. Nesse futuro incerto, a ciência, principalmente a biológica, se desenvolveu a um ponto em que as pessoas são pré-condicionadas desde sua concepção a viverem em harmonia com as regras sociais vigentes.
Isso é possível porque a vida é criada unicamente em laboratórios, de forma que o sexo é feito apenas por prazer e informalmente. Assim, as crianças são educadas sexualmente desde os primeiros anos de vida, em brincadeiras feitas na escola.
Toda ética e valores morais que conhecemos é inexistente, assim como a familia, taxada como "costume de selvagens".
Expressões usadas atualmente com apelo religioso são substiuídas por científicas. ex: Oh, My Freud! ao invés de Oh, my God!
A felicidade e a alienação são trazidas através do SOMA, uma droga sintética que não tinha nenhum efeito colateral e proporcionava aos usuários prazer intenso dissipando todas inseguranças e dúvidas que tivessem. Além de funcionar como pílula para as mulheres permancerem inférteis.
O pré-condicionamento resulta em uma distinção de castas (alfa, beta, gama, delta e ipsilon), distinção essa que pode ser feita fisicamente. Assim, cada casta tem sua função para a harmonia social.
Tudo isso mencionado ocorre em todo o mundo, com uma única excessão: a América Latina.
Em algum momento da história, o povo latino se rebelou contra esse modo de vida e quis continuar com seus costumes e moral. O resto do mundo aceita, depois de muitos debates, e faz da América Latina a chamada "Reserva Histórica" (algo como uma reserva indígena) onde vivem os 'selvagens' que tem os últimos exemplares existentes da bíblia e costumam ler Shakespeare.
Enfim, o enredo do livro se dá quando Bernard Marx visita essa reserva e conhece Linda, uma também civilizada que lá foi morar por ter tido um filho, John.
Bernard, que tinha grande simpatia pela vida selvagem em contraposição a civilizada, leva John como 'exemplo de selvagem' para a metrópole.
O livro desenvolve-se a partir do contraponto entre esta hipotética civilização ultra-estruturada (com o fim de obter a felicidade de todos os seus membros, qualquer que seja a sua posição social) e as impressões humanas e sensíveis do "selvagem" John que, visto como algo aberrante, cria um fascínio estranho entre os habitantes do "Admirável Mundo Novo".
Esse choque entre a cultura dita selvagem e a dita civilizada é incrível ao ponto de ser possível encontrá-la nos dias de hoje, seja na televisão seja na mesa de bar.
ALGUMAS CURIOSIDADES:
- O título do livro é inspirado em uma fala da personagem Miranda, do livro A Tempestade, de William Shakespeare.
- O sobrenome de Bernard Marx faz uma referência ao Karl Marx. De modo semelhante, o nome de outra personagem, Lenina Crowne, é muito semelhante com o de Lenin.
- A música "Admirável Chip Novo" da Pitty foi inspirada neste livro.
- Também a música "Admirável Gado Novo", de Zé Ramalho, cita várias idéias contidas neste livro.
- A banda Iron Maiden tem uma música e um álbum chamados "Brave New World".
- A banda The Strokes tem uma música chamada "Soma", que faz alusão a droga já citada.
- Há um filme com Silvester Stallone, chamado "O Demolidor" que caracteriza a sociedade criada por Huxley.
- Houve em edição limitada um vinil onde o próprio Huxley narrava o livro (imagem que segue) e se alguém conseguir um desse pra mim eu dou o que quiserem em troca (quase tudo).
Sempre tem como ficar pior!
Essa é uma visão totalmente equivocada. Caciquismo partidário é o que temos hoje.
Ele se dá em cima da votação nominal. A lista aberta, que determina a votação nominal tal como temos hoje, concentra votos de maneira totalmente estranha à vontade do eleitor. Privilegia os conchavos políticos. O resultado desses conchavos cria lideranças artificiais.
Ela dá mais segurança ao eleitor. Ele pode examinar o partido e a lista que o partido ofereceu. O voto dele vai para o partido de sua preferência. Sempre. E vai representar a escolha de candidatos dispostos numa lista. O eleitor vai saber em quem está votando.
É falsa essa visão. A votação nominal é o que alimenta a relação personalista, o fisiologismo. Alimenta um sistema de alianças meramente de conveniência entre os partidos, que leva a uma deformação da representação. Valorizando os partidos estaremos valorizando o próprio processo democrático. Não entendo que a votação nominal seja superiror. Ela é despolitizada, personalizada e sem conteúdo político.
A dúvida é razoável. Mas ela é compensada por um outro aspecto. No sistema atual, de voto nominal, há as pessoas que desfrutam do privilégio do caciquismo formado pelo dinheiro. Na lista nominal, aqueles candidatos que tem mais força econômica adquirem mais força política dentro dos partidos e dentro da comunidade. Isso deforma a representação.
A própria lei pode determinar um processo amplamente democrático no interior dos partidos, para que a lista seja votada. O Ibsen [Pinheiro] fez acréscimo positivo: a possiblidade de apresentação de duas listas. O grupo que tiver em torno de 30% dos votos no colégio interno do partido que vai decidir sobre a lista pode ter o direito de apresentar uma segunda lista. Ou pode determinar uma proporcionalidade na composição da lista e na própria ordem dos nomes. Isso combate o caciquismo.
Não haveria mais campanha individual. O candidato teria que fazer campanha para a sua lista. Se estou entre os 15 primeiros, vou trabalhar, visitar pessoas, apresentar o meu nome, mas não numa propaganda individual. A campanha será em cima da lista. O eleitor vai veririficar se dentro daquela lista há nomes aceitáveis ou não. Pode concluir: Tenho simpatia por esse partido, mas a lista que ele me oferece não é razoável. Tem pessoas das quais eu discordo ou que já responderam a processos por corrupção. Vou procurar um partido que não tenha isso. O eleitor vai formar os seus critérios políticos e partidários, para eleger os seus deputados e vereadores. Me parece um voto muito mais democrático e moderno. Pergunto: O que é mais correto, apostarmos numa melhoria dos partidos ou deixarmos a oligarquia financeira continuar controlando os pleitos?
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Sobre Corrupção
Peço que perdoem este velho casmurro pela ausência de ontem. Estive num evento social de alta classe na quarta-feira pela noite, e uma empada má temperada ocasionou-me um mal estar durante todo dia de ontem. Peço perdão, igualmente, a meus camaradas do Beco, pelo atraso nesta postagem.
Venho falar-vos de um tema muito comentado nos notíciarios e conversas de bar, mas pouquíssimo levantado nos meios acadêmicos: a corrupção.
Os que se dedicam ao estudo de sociologia ou da ciência política, costumam ater-se às bases espistemológicas e metódicas das teorias sociais e das práticas partidárias delas consequentes, mas pouco se dedicam a tentativas de explicação, mensuração e análise das causas e consequencias do ato corrupto.
Nos últimos anos, todavia, este ramo tem crescido, embora ainda seja incipiente, e trazido importantes contribuições. Acadêmicos já vêm buscando definir corrupção de uma maneira mais clara e estudiosos buscam analisar casos em países. Evidentemente, tal trabalho é repleto de limitações, dado que trata-se de uma atividade criminosa que raramente é descoberta e cuja repercussão depende muito da boa (?) vontade da imprensa local. Ainda assim, organismos importantes, como a ONU e o Banco Mundial, têm se ocupado do assunto.
Uma das formas de realizar uma possível mensuração é através de uma pesquisa empírica que busque registrar a sensação popular em relação aos níveis de corrupção no país. É evidente que tal sensação é oriunda não só da quantidade de casos existentes, mas da história do país e da relação da imprensa dominante com o governo situacional. Ainda assim, é uma base razoável.
Sobre o assunto, a ONG Transparência (www.transparency.org) faz estudos importantes. Bem como sua co-irmã Transparência Brasil (www.transparenciabrasil.org.br). No site Às Claras (www.asclaras.org.br) podemos verificar o histórico de todos os políticos do Brasil, inclusive os financiadores das campanhas. É um dado interessantíssimo antes de colocarmos o dedo nas urnas em 2010.
Por hoje, fico por aqui.
Só mantenho a questão: Porque as ciencias sociais fogem do debate da currupção? Por que, ao invés de reclamar, não utilizamos estes instrumentos que temos para refletir melhor em quem votamos?
"Qual é o pior inimigo? O pai da corrupção ou o filho do mendigo? Quem é o grande culpado? O ladrão que tem 100 anos de perdão ou você que vota errado?" (Gabriel Pensador)
quarta-feira, 6 de maio de 2009
"Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo." C.L.
Durante todo o livro, a autora faz um retrato dos “dois Brasis”, que vivem lado a lado, especialmente nos centros urbanos: de um lado o rico (materialmente, culturalmente, detentor dos meios de comunicação, etc), ambicioso, influente e estudado, e do outro o pobre, explorado, indigente e que nem ao menos consegue articular suas próprias idéias.
Deixo aqui algumas perguntas, além é claro, de esperar qualquer tipo de comentário sobre o texto, Clarice, etc.
A arte carrega em si uma obrigação de contestar a realidade?
E a arte pela arte?
O que dizem/ fazem nossos intelectuais? Reproduzem um sistema já existente? Se sentem compromissados com os marginalizados?
terça-feira, 5 de maio de 2009
Cega? Depende...
Não falarei de educação.
Farei uma crítica sobre uma coisa que me incomodou bastante nos últimos dias: a crise no judiciário.
Adoro crises, as vejo como pontos de liminariedade entre um antigo modo de ser para um que está por vir. Torço para que o que venha seja melhor que o anterior.
Mesmo sem ter nenhuma envergadura moral nem embasamento teórico pra isso, peço aos futuros bacharéis em direito que compõem nossa trupe que se manifestem em meus equívocos.
Serei direto: eu acho o STF uma baboseira, uma palhaçada e uma fanfarronice.
Seguindo os preceitos de Montesquieu, penso que os três poderes devem ser totalmente indepedentes. Separar o legislativo do executivo é uma tarefa árdua, que fica pra um próximo debate.
Agora, me digam, como pode a última instância da justiça brasileira ser composta por cargos de CONFIANÇA e ainda por cima VITALÍCIOS ?
Não seria uma enorme influência partidária e política num orgão que deveria ser exemplo de imparcialidade?
O sistema juduciário é uma incognita: dizem que o número de advogados e de juízes ultrapassa o de qualquer país do mundo. Porém, os processos são todos truncados e lentos por nossa burocracia tupiniquim. Além dos recursos que vem em salários exorbitantes comparados com a realidade do país.
A atual discussão entre Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes reflete escancaradamente a imparcialidade existente em todas instâncias.
A lei até pode ser imparcial, mas sua aplicação não. Não, mesmo.
O pobre do seu José, mulato de olhos pretos, que roubou um pacote de macarrão pra sustentar os filhos é preso e espancando ficando até anos esperando que algum recurso mude isso.
O rico do seu Daniel, branco de olhos azuis, que roubou bilhões e manda no congresso desde o começo dos anos 90, fica um dia na cadeia e consegue seu habeas corpus de um amigo fiel.
Se essa enorme diferença de recursos impede uma igualdade na hora da contratação de um advogado, não cabe ao juíz garantir a imparcialidade??
Como confiar em um juíz que convoca a imprensa para criticar o MST se ele mesmo é um grande latifundiário?
Já pesquisaram a biografia do supremo presidente do supremo? Procurem... ficarão surpresos.
Fato é: não acredito nem na independência nem na imparcialidade da maior parte do sistema judiciário brasileiro. A justiça cega pra mim é uma grande piada.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
domingo, 3 de maio de 2009
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
As religiões, conforme o que elas mesmas pregam, deveriam coexistir em harmonia entre si, ou pelo menos é assim que eu entendo. Não me faz sentido uma religião que pregue a imposição de seus dogmas e crenças para o restante da população, recusando e rebaixando as crenças alheias. Entretanto, é interessante notarmos que as religiões simplesmente não são capazes de coexistirem, elas necessitam de contante disputa. Disputam mais fiéis? Mais dízimos? Mais lugares no céu? Não sei, não entendo.
Algumas delas, abertamente, estão em conflito com outras religiões. O conceito de Jihad vem a ilustrar essa situação, no caso muçulmano. Nas disputas no (não tão distante assim) oriente médio, a disputa religiosa se mistura com a questão territorial e com tantos outros quetais que é difícil entender todas as nuances do conflito.
Aqui pertinho me lembro de dois casos passíveis de serem citados. Um deles é, naturalmente, a demonização das religiões afro. Prefeituras perseguem alegando a necessidade de alvará das casas de culto, utilizando-se da burocracia, muitas vezes, para minar um culto associado à pobreza, bruxaria, macumba. Temidas e desconhecidas as religiões afro sofrem com preconceitos de toda sorte. Outro caso a ser lembrado é o "chute na santa" do bispo da Universal que em tv , ao vivo, chutou apenas a padroeira do Brasil.
Não é questão de acreditar ou não. Convenhamos, isso é o fim da picada. Como uma religião pode se propor a isso???
Naturalmente não vou levantar a bandeira contra a Universal, mesmo por que é apenas a mais notória, não significando ser a única que persegue outras religiões em busca da manutenção e reforço dela própria. O que eu gostaria de levantar hoje é essa dificuldade de coexistir. Por que o ser humano é assim? No ideal, meu, de nossa legislação e imagino que de tantas outras pessoas, religiões deveriam auxiliar a respeitar-nos uns aos outros.
Coloco aqui uma foto do admirável Bono, do U2. Pode ter um milhão de defeitos, mas eu acho que o papel daqueles que são notórios e estão nos meios de comunicação é pregar a paz, o respeito, entre outras questões importantes. E não chutar a santa.
Não deveria ser tão difícil coexistir em paz.
Boa semana.
Abraços a todos!
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Segundo!
Segue ai, depois de muito tempo, mais uma poesia de minha autoria.
Como sempre, não gostem, critiquem, mas só o façam com carinho porque sou um rapaz sensível!rs
bom feriado a todos!!
À porta do pensamento
Me batem os devaneios
Devaneios que se apresentam para mim
Como a própria realidade
Vizível
Real
Porém não racional
Devaneio comigo mesmo
Em um plano superior ao próprio ser
Quando desço
Vejo que nunca subi
Ou subi talvez
E já fora do meu estado de transcendência
Nada faz sentido
Obrigações bastardas de cada dia
Me impedem o pensamento
Me impedem a vida
Busco nas mínimas oportunidades
A representação de um prazer reprimido
Que talvez não saiba qual seja
Prazer de alguma coisa que não vivo
Prazer de alguma coisa que não é o que me apresentam
E como me apresento
Sentado à janela
Penso em coisas que não me lembro
Um cheiro me traz a lembrança
Do que?
Da onde?
Me deparo com a vida e não a conheço.
Percebo que nunca a tinha visto,
exceto agora
Me dou conta de que hoje
não caibo mais em mim mesmo
Não aceito a pessoa que está em mim
Não sou eu
Não sou o que queria ser
Desejo ser alguma coisa
Coisa que não sei bem o que
Tento me definir através das próprias coisas que já sou
Vejo o que não quero
Descarto!
Substituo pelo o que?
Amor? Bondade?
Não sei se os desejo
Busco respostas para o meu vazio
Só encontro a mim mesmo
Ainda no estado que não quero
Me conformo
Continuo a olhar pela janela
Quero algo mais
Para mim, não me basto
Ainda!