sexta-feira, 7 de março de 2014

Peço perdão, mulher

Mulher,

Não parece caber a mim dizer pelo que você deve lutar hoje, ou o que este dia deve representar para você. Antes, minha consciência, ainda deformada, me suplica que eu peça teu perdão. 

Peço perdão pelas piadas sexistas que reproduzi incansavelmente em certos momentos.
Peço perdão também por quando as ouvi e hesitei em argumentar em teu favor.
Peço perdão por quando te reduzi a objeto de prazer, por quando deixei meu egoísmo ofuscar tua dignidade.
Peço perdão pelas vezes que supus que serviço doméstico era papel teu, jamais meu.
Peço perdão por cada ofensa no trânsito, ao atribuir ao teu gênero o que não diz respeito a ele.
Peço perdão por quando, por comodismo ou omissão, fui conivente com tuas jornadas triplas de trabalho, com teus baixos salários, com tua exploração doméstica.
Peço perdão pela indiferença à qual acabo cedendo eventualmente.
Peço perdão porque, a todo tempo, tiro conclusões a teu respeito sem antes escutar como te sentes.
Peço perdão porque, tantas vezes e de tantos modos, fui passivo quanto à opressão que sofres.
Peço perdão pelas vezes que não quis te ouvir, conhecer teus gostos, desejos, vontades.
Peço perdão por quando ignorei teus gritos por liberdade.

E enfim, mulher, peço perdão porque hoje meu remorso é maior que minha alegria.

Por tudo que te fiz, que não fiz e que pressupus erroneamente a teu respeito, eu peço perdão.

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