quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Greve dos Bancários

Bom, ultimamente cada senhor desse blog tem, talvez sem perceber, criado uma linha específica de postagem. As vezes até mesmo pelo título estamos conseguindo identificar quem é o ilustre 'postador'.

Sendo assim, para fugir da minha habitual linha de poesias, arte e tals, vou me intrometer na área dos outros.

Com a atual greve dos bancários podemos discorrer sobre alguns processos burocráticos que vem, há tempos, enfraquecendo a moeda de troca, de barganha, especificamente dessa classe. A modernidade, a tecnologia, vem nos oferecendo muitas oportunidades, como espaços de opinião 'paralelos' como os blogs, facilidades cotidianas, etc.

Há algum tempo começou uma aceleração do sistema bancário através de seus sites, gerenciadores financeiros, uso dos caixa eletrônicos muito incentivados dentro das agências, etc. Hoje vemos que todo esse processo desencadeou, como dito, no esvaziamento parcial da pressão de greve primeiramente exercida pelos bancários. Ou seja, a paralisação que num primeiro momento era sentida de forma imediata e brusca na sociedade, agora, a cada avanço da virtualidade no setor bancário vemos a proporção inversa da força dos comandos de greve.

Não sei até que ponto os banqueiros se sentem fortemente pressionados pelo atual sistema de greve tendo em vista todo esse entorno, já que a grande parte das transações e funcionamento dos bancos continuam operando quase que normalmente fora do âmbito físico das agências. Não há dúvida que a parte da sociedade que mais sente essa paralisação são as camadas mais baixas, que dependem dos serviços bancários para recebimento de salários, pagamentos comuns, mesmo que realizados em lotéricas, etc. Contudo, é essa mesma camada que exerce menos pressão sobre os banqueiros - não há aqui uma crítica. Os banqueiros, na sua totalidade estão preocupados com as grandes transações e investimentos que não dependem mais diretamente dos bancários.

Vemos então o sistema capitalista se transformando e se adequando para um resistência básica até as lutas garantidas na constituição aos trabalhadores. O principal ponto que queria colocar é justamente esse, tomando como exemplo o caso específico dos bancários. Como pensar então em processos de lutas sociais se o próprio sistema vem criando, de longa data, mecanismos que teoricamente anulam os próprios movimentos, sem enfrentá-los. Mecanismos que se descartam os discursos por não terem que ouví-los.

Nessas horas que se constata por muitas pessoas a impotência diante do todo, se conformando da situação atual e colocando-a como soberana, sem saída. Bom, se pensarmos assim então, para que dar continuidade  na própria vida em um sistema totalmente injusto e manipulador? O que nos resta é nos escondermos realmente na nossa individualidade e enquanto criticamos posturas políticas nestes espaços, vamos para a casa e ficamos totalmente transtornados por que os bancos estão em greve e não podem realizar os serviços que nos são necessários?

Uma sugestão de greve que coloco: fechamento total das agências juntamente com todos os servidores do sistema financeiro sendo colocados abaixo. Essa é a estratégia: o caos! Não de outra maneira se lutará de forma igualitária contra o sistema.

Nos faltam armas, meus caros. Nos faltam armas...

2 comentários:

  1. É a jaula de ferro...

    Só um comentário: Os mecanismos de resistência dos bancos impedem que qualquer pessoa, ou mesmo um grupo delas, coloque abaixo o sistema. O caos, nesse sentido, não é factível. Normalmente os servidores centrais estão hospedados em vários grandes centros que pertencem tanto aos bancos como a outras empresas (como a telefônica). E não são centros como os computadores do CPD. Conheci outro dia a central de servidores empresariais da telefonica em barueri. Para vc ter uma idéia, a telefonica acertou com a eletropaulo um contrato pelo qual a eletropaulo leva duas linhas de alta tensão para dentro do tal centro (linhas exclusivas) uma entra pelo lado leste de barueri e outra pelo lado oeste da cidade. Sem contar os inúmeros recursos internos que evitam colapso. Provavelmente nem um furacão derrubaria aquele servidor.
    Derrubar um negócio desses é coisa para profissionais (exército, grandes hackers, etc) nao para sindicalistas.

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  2. Por abaixo o sistema foi apenas uma provocação.
    O principal é que nossas 'moedas de troca' no sistema estão muito desvalorizadas.

    Precisamos de novos meios de reinvidicação.

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