sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Intolerância Religiosa (parte III)

Essa terceira parte da série de publicações sobre intolerância religiosa tem como tema a estigmatização de todas as esferas da vida dos sujeitos por algumas características da sua religião ou de uma minoria de sujeitos que praticam a mesma (deixando florescer aqui o meu lado weberiano e dando brecha para nosso assíduo comentador me criticar).

Impossível falar sobre isso sem citar o mais que recente caso do pastor norte-americano que pretendia queimar alcorões no dia 11 de setembro como forma de protesto a construção de uma mesquita nas proximidades donde outrora fora o World Trade Center.

Como todos devem ter acompanhado, depois de afirmar ter conversado com Deus o Pastor norte-americano disse ter desistido de queimar os alcorões. Se ele conversou ou não com Deus não podemos confirmar, mas fato é que ele teve a visita de três oficiais do FBI, um apelo oficial do presidente Barack Obama e um alerta da Interpool o aconselhando a não fazer. Fato também é que os muçulmanos, com razão, continuam indignados.

Esse caso de etnocentrismo ilustra perfeitamente a estigmatização, muito em voga principalmente na chamada sociedade ocidental, dos muçulmanos. Graças as ações de um grupo político extremista que diz ser muçulmano, todos os muçulmanos automaticamente são classificados como tendo a mesma ideologia política. Dessa maneira tanto a dona Gertudres, dona de casa, como o Dr. Queiroz, advogado, e o Sr. Braga, empresário, passam a considerar todo e qualquer muçulmano um terrorista em potencial esperando qualquer brecha para explodir alguma coisa e conquistar o mundo.

Essa idéia tem se alastrado de tal maneira que os próprios governantes desse países passam a usar o poder do Estado contra todo e qualquer muçulmano e, em casos de um etnocentrismo ainda maior, contra todo e qualquer árabe, como a grande restrição presente até hoje para pessoas com sobrenome árabe de conseguir um visto ou até mesmo um passaporte para pisar em solo norte-americano.

Os dois grandes baluartes daqueles que afirmam uma invasão islâmica, em uma espécie de neo-cruzadas, são o governo norte-americano e o francês. Há um tempo Monsieur Sarkozy declarou que uma das metas de seu governo seria extinguir o véu, usado pelas mulheres islâmicas, de todo território francês já tendo conseguindo até agora aprovar a sua proibição em escolas e em qualquer espaço público.

A estigmatização de todos os religiosos pelas ações de alguns religiosos é, sem dúvida, uma das grandes responsáveis pela intolerância religiosa no mundo contemporâneo. Se aqui a intolerância contra muçulmanos é relativamente baixa é apenas porque, por enquanto, existem poucos muçulmanos no nosso país. A intolerância religiosa no Brasil, hoje, se dá para com outros religiosos, mas esse será o assunto da próxima parte.

Continua...

Um comentário:

  1. Seria bom um post analisando a perseguição que sofreram os colonizadores do atual EUA e a fundação da igreja no país e a atual conjuntura desta igreja com as outras religiões, o que acha?

    Abraços

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