terça-feira, 9 de junho de 2009

09/06/2009 - 17h21 Polícia e estudantes entram em confronto no campus da USP Simone Harnik Em São Paulo Atualizada às 19h50

O Movimento Estudantil é um movimento, tradicionalmente, de protesto. Os estudantes pensam a realidade e, com razão, não se conformam com ela. Podemos argüir que suas premissas estão erradas, que se utilizam arbitrariamente de institutos como greves, piquetes, ocupações e destruição do patrimônio público. Podemos dizer também que estão demasiadamente influenciados por posições político-partidárias. Temo que nada disso seja efetivamente uma falácia.


Por outra perspectiva temos a chance de entender alguns dos questionamentos: o ensino superior público brasileiro vem sendo sucateado ano após ano, mandato após mandato – assim como a educação pública de modo geral. Os interesses do capital privado sobrepõe-se aos interesses de uma educação livre, abrangente, crítica; as pesquisas são financiadas, direcionadas. Eu poderia discorrer aqui sobre uma série de questões que estão na pauta do movimento estudantil hoje, e outras tantas as quais eu creio que ele deveria se preocupar, entretanto, não é preciso. O maior motivo de protesto está, hoje, diante de nós.


Frente a uma manifestação de estudantes que ocorria no dia de hoje, 9 de junho de 2009, a reitoria da USP não hesitou em chamar a polícia militar que, por sua vez, não hesitou em utilizar-se de gás lacrimogênio, bombas de efeito moral e disparos de balas de borracha para com eles. Certamente tal conduta não ocorreu a contragosto da reitoria da universidade. Quais os objetivos dessa conduta? Controlar a multidão ensandecida? Estavam diante de uma ameaça tal que os guiasse para essa conduta? Não, claro que não.


A polícia alega que os estudantes estavam embriagados, fora de si.

Essa fantástica justificativa para essa conduta absurda, brutal, vergonhosa da reitoria da USP – que está reincidindo nesta conduta, conforme ocorrido nas outras manifestações deste semestre – nos mostra que, hoje, o movimento estudantil é caso de polícia.


Politicamente, humanamente, legalmente, o que ocorreu hoje foi uma brutalidade vergonhosa. Tratar os estudantes dessa forma é um comportamento ditatorial, que põe em risco uma de nossas maiores liberdades, a de livre expressão e pensamento.


Onde está o Direito? O certo? O justo? Temos o direito de fazer piquetes, passeatas, manifestações, pensar, expressar. Não faz sentido colocar homens treinados diante de estudantes que manifestam. Não faz sentido usar de poder de coação do Estado para proteger reitorias inábeis politicamente, equivocadas, que não estão comprometidas com seus estudantes.


Se a reitoria da USP estivesse comprometida com seus estudantes, não teria chamado a Polícia Militar ao Campus.


Podemos pensar em inúmeros exemplos que nos mostram que os estudantes não serão ouvidos, serão calados. Os sinais estão sendo claros.


Denuncio o criminoso ocorrido de hoje com um único propósito: eu não vou me calar.



Não nos deixemos calar.

3 comentários:

  1. Aos Leitores;

    Primeiramente gostaria de salientar que, à Polícia Militar está apenas cumprindo com o dever de suas atribuições, que nesta situação se refere ao direitos de ir e vir das pessos, resguardado pela Constituição Brasileira, que por sua fez, foi infringido pela manifestação dos estudantes e funcionários da USP; mesmo que, tais reivindicações utilizadas nesta manifestação, sejam reais, não se justifica à ação dos manifestantes de: obstruirem às vias públicas, pertubar á ordem pública, destruir o patrimônio público e principalmente realizar qualquer ato de violência por parte dos manifestantes, como de fato foi presençiado. Lembro também que, todos temos direito de de manifestação, desde que esta seja pacífica, sem armas e em loca aberto ao público. Em nenhum momento houve algum tipo de "BRUTALIDADE" por parte da Polícia, apenas ocorreu uma manobra de "disperção" usada pela Polícia Militar, que segundo suas atribuições, em casos como este, é permitido o uso da força para o devido estabelecimento da ordem pública. Por fim, lamento á maneira que se sucedeu este episódio, mas à Policía Militar, está e se fará presente, sempre que a lei for violada.

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  2. Caro anônimo,

    se a polícia se fizesse presente toda a vez que a lei fosse violada ela deveria estar presente lá todos os dias.

    Caso o sr não saiba, a má gestão dos recursos por parte dessas reitorias impedem que os institutos menos financiados, menos importantes ou produtivos - sob suas tolas óticas- recebam verbas e contratações suficientes para que desenvolvam suas FINALIDADES DETERMINADAS EM LEI, QUAIS SEJAM: ORIENTAR PESQUISAS PURAS E APLICADAS E EDUCAÇÃO DE NÍVEL DE GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO. Se os srs não confiarem na minha humilde consideração, por favor consultem a lei que funda a Unicamp.
    Pois bem, se a polícia estivesse presente toda vez que a lei fosse violada ela estaria tratando os mendigos e marginalizados nas ruas - uma vez que viola princípios básicos de DIGNIDADE HUMANA, MORADIA, NECESSIDADES BÁSICAS, que deveriam ser GARANTIDOS PELO ESTADO, conforme nossa maravilhosa Constituição de 1988.
    Não precisamos pensar muito mais para que notemos que a Polícia Militar não se faz presente quando a lei é violada. Ela se faz presente quando o poder chama por ela para, através da força, que se mantenha alguma condição, no caso, a "paz social" no campus da USP.
    Incomoda manifestação de estudantes, incomoda que a opinião pública veja a má gestão e o sucateamento, incomoda que, segundo a mídia, mais de mil pessoas se reúnam para protestar. Por trás disso há inúmeros interesses políticos e sociais.
    A polícia foi chamada por que, conforme disse, politicamente a reitoria é inábil, débil, incapaz de agir, de negociar sem apelar para a força física.
    Se a polícia fosse tão legal quanto seu desinformado comentário faz com que ela pareça, ela não torturaria em nossas delegacias o tanto que tortura, ela não seria tão corrupta quanto é, e não teria jogado bombas e balas de borracha para a disperSão de alunos desarmados.
    Discordas dos meios de protesto é uma possibilidade, idealizar uma polícia heróica é idiotice. Não critico os policiais como indivíduos, eles apenas seguiam ordens, eles não podem cometer a insubordinação de se recusar a entrar no confronto. A questão é que quem deu as ordens estava equivocado.

    Nós é que devemos estar presentes para nos manifestarmos toda vez que a lei for violada, meus caros.

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  3. Caro Anônimo,

    Pare de acompanhar a mídia nativa e tirar conclusões precipitadas.

    Fica claro que você não estava lá e nem está a par da realidade.

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