quarta-feira, 27 de maio de 2009

Universidade Pública e Política

Boa Noite, caros leitores.

É em meio a um enorme cansaço após um dia repleto de desgastes físicos e psicológicos que vos escrevo. Escrevo, na verdade, enquanto um sujeito de má vontade e pouca simpatia, denominado mestre e doutor, tenta lecionar-me acerca da organização partidária esquerdista às vésperas do golpe militar que nos trouxe tempos sombrios até os anos 80.

Partidos de esquerda, aliás, fazem parte da reflexão que me trouxe aqui. Porque se a vontade de engajamento político me comove mais e mais a cada dia, a possibilidade de engajamento partidário me parece crescentemente desinteressante.

Eis, enfim, minhas perguntas de partida: 1. Quais os alcances e os limites das ações organizadas estudantis protagonizadas pelos órgãos representativos locais (CA's, DA's,...)? 2. Quais os impactos das intervenções partidárias nesses órgãos? 3. As estratégias são democráticas e eficazes?

Para evitar generalizações, terei como base minha experiência pessoal, sem alcunhar os bovinos, e responderei brevemente à cada uma das perguntas que propus, esperando que nossos inteligentes leitores manifestem-se nos comentários.



1. Acredito que as entidades representativas estudantis devem ter como o grande objetivo defender os interesses imediatos e locais dos estudantes. Isso não as impediria de realizar debates e movimentos sobre temas mais amplos, o que além de válido é necessário para uma inserção na conjuntura política contextual. Irrita-me a auto-visão messiânica que têm muitas vezes os líderes, que querem, de dentro da universidade, resolver problemas como o aquecimento global e o embargo à Cuba. Isso gera pautas amplas e distantes das necessidades reais dos estudantes representados e, nos atos realizados, essas necessidades são colocadas em segundo plano.

2. Exatamente pelo ítem anterior é que me incomodam os partidos inflitrados no movimento estudantil. É claro e observável que as chapas que concorrem a tais representatividades são organizadas de acordo com os partidos dos quais os estudantes "politizados" participam. O problema é que se tenta alocar as pautas dos partidos na pauta da luta estudantil, estendendo as razões da luta e ocasionando os problemas do ítem 1.

3. Por fim, dirijo minhas críticas ao modo como se organiza o movimento. Assembléias má divulgadas, excludentes e sem quórum definido previamente; mesas parciais e tendenciosas; artimanhas políticas que favorecem votações em determinado sentido; repúdio a qualquer burocracia, inclusive à necessária... Enfim, poderiam ser listados inúmeros motivos para questionar a legitimidade de certas decisões. Com essas práticas, muitos estudantes, sobretudos calouros, acabam por não serem conscientizados, mas conduzidos.

Em poucas palavras: os meios são mal formulados; os fins são trazidos de fora do âmbito estudantil; e os resultados, para a vida prática dos estudantes, são nulos. Eis minha crítica.

Sem mais, fico no aguardo de vossos elogios e retaliações.

Abraços,

Casmurro

8 comentários:

  1. eu concordo com quase tudo que tu disse, meu caro. Mas eu sou tão repugnante que o comentário que vou fazer é: você escreve muito melhor quando está bravo! ahahhahaha a revolta te inspira, casmurro.

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  2. concordo em gênero, em número e grau.

    na PUC é a mesma merda.
    grunf.


    revolta é contagiosa.

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  3. caro Casmurro, concordo contigo!

    bons tempos onde o movimento estudantil era, de fato, unificado, de luta, democrático - mas também, deles, surgiram figurinhas como nosso ilustre José Serra (sei lá o que pensar disso...)

    em minha visão, o movimento hoje chega a ser caricato: fortemente influenciado pelos partidos, radicais, sem fundamento, não alcança respeito dos demais, e aparentemente falam da democracia e participação apenas fora do âmbito estudantil, já que, via de regra, impõem suas decisões e posicionamento aos demais!

    (poderia provocar uma extensão no assunto, falando daqueles que lutam contra o sistema capitalista, os burgueses, mas estão ali "lutando" apoiados por uma gordaaaaa mesada dos pais, mas melhor deixar isso pra lá... rs)

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  4. Meu amigo Casmurro, creio que esta nova fase, você se tornou-se um pouco mais nervoso eu diria.Assunto muito discutido por nós, meu amigo, o tema do tópico é de pertinência extrema a todos integrantes de faculdades.Eu particularmente acho a politização de estudantes como vêem acontecendo interessante. Creio que os CAS ou DAS perderam sua principal função: defender os interesses dos estudantes locais. O que vejo e uma tendenciosa investida partidária no arrebanhamento de integrantes dentro das universidades. Gostaria eu que os integrantes de CAS e DAS não tivessem ligação partidária, tampouco tentassem a solucionar os problemas mundiais como estudantes. Não quero acabar com as aspirações políticas ou acabar com o espírito revolucionário de ninguém,mas meus amigos coerência fundamental quando queremos alguma mudança rápida e ao nosso alcance. O que seria para ser um espaço livre para discussões, CAS e DAS, tornaram-se espaços ditados por poucos, e qualquer discrepância de idéias é rechaçada ferozmente. A militância política na unversidade, algo louvavél um dia, tornou-se uma piada. O que faremos amigos?

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  5. Caros!A tendênciosa investida dos partidos em cima dos CAS e DAs é clara: onde mais achar gente pensante para os partidos hoje?

    E meus caros adianto, isso não vai acabar. Me deixa triste potenciais intelectos sendo fechados a novas teorias tão cedo.

    Não sou de humanas como disse, mas esta tendeciosidade acontece tanto para lá quanto para cá, nas exatas.

    Minha maior tristeza é foi ter visto um cartaz mais ou menos assim: vamos fazer greve, os estudantes não podem pagar pela crise mundial!

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  6. Meu discípulo ilustre! Meu caro Casmurro!
    Como fundador de sentimentos em vocês, entendo a revolta que passa em seus corações jovens. A política é suja. Indiferente se é na universidade ou no planalto central, meus queridos humanos, a política, na maioria das vezes, corrompe, é defendida com tendenciosidade, em suma: é suja! Cabem as vocês uma mudança estrutural, pois quando os criei, os fiz políticos por natureza.
    Não reclamem! Vão mudar este microcosmos, pois quando dei o livre escolha, não queria que todos concordassem mesmo.

    O onisciente que hoje esta meio cansado.

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  7. Meu caro Ateu, você triste?

    Você que não tem coração?

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  8. Infelizmente esta estrutura partidária que leva o interessa dos grupos que representam acima do interesse dos representados contamina também o movimento estudantil.

    Eu ando um pouco sem esperanças quanto a certas coisas, e parece que tudo tende a piorar. Vamos ver no que isso pode dar!

    Abraços curitibanos!

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