quarta-feira, 13 de maio de 2009

Brave New World

Saudações pessoas!
Sem me esquivar do tema de hoje e quebrando um pouco o ritmo de publicações críticas e polêmicas, venho aqui falar sobre literatura. Como em minha última publicação sobre o tema, continuo minha propaganda sobre as "Distopias Literárias".

A de hoje está em segundo lugar de meu ranking: BRAVE NEW WORLD (Admirável Mundo Novo).



Foi escrito em 1932, por ninguém menos que o genial Aldous Huxley (se você nunca ouviu falar, crie vergonha na cara e pesquise sua biografia).
No Brasil é comercializado pela editora Globo (o que é bem estranho).

Como toda boa distopia o livro se dá em um futuro indeterminado e hipotético. Mas o que mais chama atenção, é que muito do que ali é escrito como hipótese realmente aconteceu ou vem acontecendo, tanto que mais tarde Huxley escreve um ensaio intitulado "Retorno ao Admirável Mundo Novo" onde ele demonstra as realizações "proféticas" do que escreveu.

Dito isso, voltemos a obra. Nesse futuro incerto, a ciência, principalmente a biológica, se desenvolveu a um ponto em que as pessoas são pré-condicionadas desde sua concepção a viverem em harmonia com as regras sociais vigentes.
Isso é possível porque a vida é criada unicamente em laboratórios, de forma que o sexo é feito apenas por prazer e informalmente. Assim, as crianças são educadas sexualmente desde os primeiros anos de vida, em brincadeiras feitas na escola.

Toda ética e valores morais que conhecemos é inexistente, assim como a familia, taxada como "costume de selvagens".
Expressões usadas atualmente com apelo religioso são substiuídas por científicas. ex: Oh, My Freud! ao invés de Oh, my God!

A felicidade e a alienação são trazidas através do SOMA, uma droga sintética que não tinha nenhum efeito colateral e proporcionava aos usuários prazer intenso dissipando todas inseguranças e dúvidas que tivessem. Além de funcionar como pílula para as mulheres permancerem inférteis.



O pré-condicionamento resulta em uma distinção de castas (alfa, beta, gama, delta e ipsilon), distinção essa que pode ser feita fisicamente. Assim, cada casta tem sua função para a harmonia social.

Tudo isso mencionado ocorre em todo o mundo, com uma única excessão: a América Latina.

Em algum momento da história, o povo latino se rebelou contra esse modo de vida e quis continuar com seus costumes e moral. O resto do mundo aceita, depois de muitos debates, e faz da América Latina a chamada "Reserva Histórica" (algo como uma reserva indígena) onde vivem os 'selvagens' que tem os últimos exemplares existentes da bíblia e costumam ler Shakespeare.

Enfim, o enredo do livro se dá quando Bernard Marx visita essa reserva e conhece Linda, uma também civilizada que lá foi morar por ter tido um filho, John.
Bernard, que tinha grande simpatia pela vida selvagem em contraposição a civilizada, leva John como 'exemplo de selvagem' para a metrópole.
O livro desenvolve-se a partir do contraponto entre esta hipotética civilização ultra-estruturada (com o fim de obter a felicidade de todos os seus membros, qualquer que seja a sua posição social) e as impressões humanas e sensíveis do "selvagem" John que, visto como algo aberrante, cria um fascínio estranho entre os habitantes do "Admirável Mundo Novo".

Esse choque entre a cultura dita selvagem e a dita civilizada é incrível ao ponto de ser possível encontrá-la nos dias de hoje, seja na televisão seja na mesa de bar.

ALGUMAS CURIOSIDADES:
- O título do livro é inspirado em uma fala da personagem Miranda, do livro A Tempestade, de William Shakespeare.
- O sobrenome de Bernard Marx faz uma referência ao Karl Marx. De modo semelhante, o nome de outra personagem, Lenina Crowne, é muito semelhante com o de Lenin.
- A música "Admirável Chip Novo" da Pitty foi inspirada neste livro.
- Também a música "Admirável Gado Novo", de Zé Ramalho, cita várias idéias contidas neste livro.
- A banda Iron Maiden tem uma música e um álbum chamados "Brave New World".
- A banda The Strokes tem uma música chamada "Soma", que faz alusão a droga já citada.
- Há um filme com Silvester Stallone, chamado "O Demolidor" que caracteriza a sociedade criada por Huxley.
- Houve em edição limitada um vinil onde o próprio Huxley narrava o livro (imagem que segue) e se alguém conseguir um desse pra mim eu dou o que quiserem em troca (quase tudo).


"A história é uma farsa"
(Aldous Huxley)

5 comentários:

  1. ótimo post!
    Quincas seu gosto por distopias é visionário!
    Creio que tda distopia deve ser uma visão do que será o mundo que vivemos daqui alguns séculos.

    Creio que do livro, tudo ja vivemos em pequenas escala.
    Apenas estamos no admiravél mundo velho.!

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  2. Um dos meus livros prediletos.Excelente Quincas!!!

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  3. Meus caros, e principalmente meu querido filho dos Borba.Gostaria de saber se vocês realmente acham que as distopias são algo que ainda vão acontecer.Eu não inspirei ninguém a imaginar o futuro, tampouco fazer previsões, mas os bons observadores,esse sim saberam o que dizem.Tal dádiva não é presente de todos.

    O que tudo sabe.

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  4. boa dica Quincas, instigou minha curiosidade...

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  5. mea culpa. nunca li esse livro, mesmo meu irmão me buzinando a orelha que eu tinha que ler ja que eu gostava tanto do 1984.

    mas, meu lado cultura-inútil falou mais alto com as curiosidades.

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