sexta-feira, 15 de maio de 2009

Música e subjetividade

Boa noite, meus caros.

É com certo ar sombrio que altero minha alcunha para Casmurro. Identifico-me mais com o velho mal humorado que com o jovem inseguro da obra machadiana. Sem mais, vamos ao tema.

Parto minha breve divagação de uma pergunta: por que, independentemente de estilo musical, certas canções fazem mais sucesso que outras? Ou melhor: por que, muitas vezes, uma canção poeticamente fantástica não alcança a popularidade de outra feita embasada sobre um livro de rimas?

Quando ouço "Festa no apê", "Beber, cair e levantar" e outras tantas chego a esta questão, sobre a qual exporei meu pensamento.

Em primeiro lugar, a música é uma feição cultural. Está totalmente ligada às tendências culturais do momento social e seu sucesso é dele dependente. Não quero dizer que só faz sucesso a música que atende ao estilo determinado pelo momento. Mas sim que o sucesso está condicionado à uma potencial receptividade do público, cuja característica é determinada pela cultura.



Mas a cultura não é homogênea. Varia de acordo com localidade, religião, condição social e outras questões. Não há UMA cultura, mas inúmeros grupos culturais, unidos de forma organizada ou não, que apresentam certa receptividade a certo tipo musical. Evidentemente, essas culturas interagem entre si, se auto-influenciam, e sofrem influencias de fatores externos, como culturas estrangeiras, os meios de comunicação em massa e o contexto socio-economico.

Dessa forma, moldam-se subjetividades que potencialmente legitimam sucesso de determinado estilo musical e letra. No fundo, o que as pessoas desejam é se ouvirem nas canções, como certamente diria Levi-Strauss. As pessoas querem músicas que, no estilo e na letra, representem o que elas sentem. Uma pessoa com uma personalidade que tende para a cultura punk, mesmo que nao seja do movimento, irá se ouvir na música punk e apreciá-la.




É evidente que os interesses políticos e as tendências dos meios têm uma essencial importância na divulgação. Músicas que criticam fortemente o sistema e os meios de comunicação não serão bem-vindas. E assim, o grupo cultural que poderia se interessar por determinada banda, não tem acesso. É um problema grave, mas que está sendo - pelo menos um pouco - amenizado pela internet e as facilidades que esta promoveu ao acesso cultural.

Enfim, encerro aqui minha reflexão.

Ela daria muito mais assunto e exemplos, mas temo ficar efadonho.

Um bom final de semana a todos,

Casmurro

6 comentários:

  1. Amigo música é gosto!

    ResponderExcluir
  2. Meu amigo Casmurro, que post antropológico!

    ResponderExcluir
  3. Então o seu anônimo acredita em "gostos pessoais"?

    ResponderExcluir
  4. Casmurro que tanto admiro!Voltaste a produzir pensamento, pois seu ultimo post não tinha sido dos melhores.Creio que tenha sido a empada.Como vc tremo ao ouvir os hits como Festa no Apê, Beber cair e levantar entre outros.Na verdade sou até um pouco preconceituoso, o que toca nas rádios geralmente considero como ruim.Entendi que em sua análise foi esmiuçada como a maioria das pessoas é levada a gostar de uma música.Mas você não acredita que a massificação dos desejos é a principal percussora deste idéais?

    AtÈ

    ResponderExcluir
  5. As pessoas querem músicas que, no estilo e na letra, representem o que elas sentem.


    o problema é que as pessoas nem sabem o que sentem, casmurro. aí acaba na banalidade.

    ResponderExcluir
  6. Massificação dos desejos ?
    Silvia Saint é massificação dos desejos!

    ResponderExcluir