domingo, 5 de abril de 2009

"Falem bem, falem mal..."

Boa noite, caro leitor. Estamos de volta à ativa. E como já é usual no Beco, domingo é dia de tema livre. Recentemente, estive assistindo a uma estrevista com o famigerado ex-jogador de futebol em atividade, Ronaldo, o Fofômeno, em que este afirmava categoricamente: "tenho boa relação com a imprensa esportiva. Meu problema é com certo setor da imprensa, que não para mais de crescer nos últimos anos: o setor de fofoca. E isto não é algo forte apenas aqui no Brasil, mas no mundo inteiro."

Sim, meu leitor, a fofoca está dominando o mundo: as páginas iniciais dos portais virtuais mais acessados - como UOL, Terra, Yahoo, etc. - sempre têm uma "manchete" de um acontecimento "importante", como o casamento da Sandy com o Lucas Lima, o número de festas frequentadas pelo atacante supracitado neste mês, o vestido mais caro do último Oscar, a nova adoção da Angelina Jolie, a unha encravada do Pe. Marcelo Rossi, o affair brasileiro da Madona, etc. O ápice do fenômeno, eu diria, é o fato de estarmos no 8º ou 9º Big Brother Brasil, cuja essência está na observação e discussão da vida alheia.

A pergunta feita por qualquer um que assiste ao domínio deste tipo de programas, com certo distanciamento e imparcialidade, é: "o que eu tenho a ver com tudo isso?". A resposta natural seria: "Nada. Nada vai mudar na minha vida se eu souber quem pegou o buquê no casamento da Sandy."

Infelizmente, a maioria das pessoas não pensa assim. O crescimento decontrolado da presença na fofoca na mídia, sobretudo nos últimos 10 anos, tem como fruto a própria mentalidade do telespectador. Os canais veiculam programas como o de Nelson Rubens ("okei, okei") porque há audiência. Há audiência porque as pessoas assistem. As pessoas assistem porque... É... por que?

Tenho alguma hipóteses:
- A falta de opções na TV aberta (num dia de semana à tarde, praticamente só temos fofoca, filmes antigos e espetáculos religiosos);
- A existência, que tem sua causa na própria televisão, de uma consciência coletiva de idolatria à artistas, pseudoartistas, milionários famosos, esportistas, etc., em que a pessoa-"alvo" (aspas porque acredito que, na grande maioria dos casos, essas pessoas gostam de serem lembradas, pelo bem ou pelo mal) desses programas é melhor quanto mais polêmica for;
- Uma questão cultural, de âmbito mundial, de tendência à curiosidade acerca da vida alheia, facilitada, talvez, pela velocidade e alcance cada vez maiores dos meios de comunicação.

Peço ao camarada leitor que discuta minhas hipóteses, adicione, exclua ou me xingue pelo tema razoalvelmente superfícial que trago.

Agradeço vossa atenção.

Uma boa semana a todos.

Um comentário:

  1. Sabe aquele fetiche do ser humano de saber o que o outro faz meu caro?

    Quando fiz o homem do barro, não havia paparazzis.

    O Onisciente

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