terça-feira, 14 de abril de 2009

Educação

Boa tarde! Li um texto há alguns dias que falava sobre a educação e o desenvolvimento social do Brasil e achei interessantes algumas idéias do texto. Por isso, caros leitores, como o tema de terça-feira do Beco é EDUCAÇÃO, resolvi colocar aqui o que vi de mais chamativo.
O principal ideal liberal de educação é o de que a escola não deveria estar de serviço a nenhuma classe específica, ou seja, ela não deveria estar vinculada a interesses econômicos, políticos ou religiosos. A educação deveria estar a serviço do individuo enquanto ser social e não diferenciar as pessoas por causa da aristocracia ou de suas posses.
A partir disso, pode-se dizer que o liberalismo, em regra, acreditava que as vocações, ou talentos individuais (que seria a realização individual para a construção do progresso do todo, geral) era o que possibilitava que o indivíduo ocupasse uma posição na sociedade, ou seja, seus dotes inatos e sua motivação para o aperfeiçoamento permitiam que ele fizesse parte da estrutura social. A educação liberal trata, de acordo com aquele texto, os alunos de forma igual, pretendendo contribuir para que haja justiça social e, a sociedade seria hierarquizada com base nos méritos individuais, por isso, pode-se dizer que a posição que um indivíduo ocupa na sociedade está ligada à educação e à instrução que recebeu e não à família onde nasceu ou à fortuna que possui.
John Locke pensava que a diferença entre os homens se dava pela educação e, por isso ele foi um importante doutrinador da escola anticlassista, apesar de ser contra a universalização da educação, uma vez que ele acreditava que a ordem social já estava previamente estabelecida, o que já dividia os ricos e os pobres, definindo o tipo de instrução que estes deveriam ter.
Rousseau, que era idealista no campo da educação, por acreditar que ela deveria formar um indivíduo pleno, em sua totalidade, independente de sua função na sociedade, teve importantes seguidores nesse campo. Porém, ele tinha uma idéia bastante elitista da educação e concentrava suas teorias num tipo ideal, que era rico o suficiente para custear um mestre, esquecendo-se da educação das massas.
Voltaire já era um defensor da discriminação social, pois ele dizia ter medo da universalização da instrução e, mais do que isso, ele acreditava que educar toda a massa era uma total perda de tempo. Isso se dava porque ele receava o esclarecimento popular, pois ameaçaria a burguesia, porque ocorreria a minimização das desigualdades entre as classes.
Diderot, apesar de fazer parte do mesmo grupo de teóricos de Voltaire, pensava diferente deste, incentivando a instrução das massas. Ele chegou a sugerir a criação de uma universidade.
Condorcet propunha soluções práticas, com base em um sistema de ensino que fosse capaz de estabelecer a igualdade de oportunidades. Mas ele também alegava que não era suficiente que o Estado respeitasse os direitos naturais do homem, ele deveria, além disso, assegurar o gozo dos direitos pelos cidadãos, o que significava também, intervir na supressão das desigualdades sociais – que para ele eram: a desigualdade de riqueza, de profissão e de instrução. Segundo Condorcet, só com a educação é que seria possível eliminar o despotismo sobre as pessoas. Dessa forma, ele diz que toda criança deve poder usufruir do seu direito de saber. Ele também afirma que ser independente não é apenas ser capaz de suprir suas necessidades próprias, mas também ser capaz de exercer por si mesmo os direitos garantidos por lei, sendo assim, independente politicamente. A partir disso ele defende que a educação só é emancipadora na medida em que confere às crianças os conhecimentos que tornarão possíveis que se bastem materialmente, politicamente e moralmente. Também por isso, o Estado deferia instruir as pessoas, ensinando apenas as ciências positivas, respeitando a liberdade de crenças e de opiniões. A obrigação de educar os filhos no sentido moral, filosófico e religioso seria dos pais e dos padres.
Coloco aqui uma discussão particular com relação a Karl Marx: ele, assim como os liberais, defendia a “educação para todos”. Mas acho interessante ressaltar que, embora defendessem o mesmo fim, as premissas eram outras, ou seja, enquanto para Marx, a educação para todos estava ligada ao princípio da igualdade entre os indivíduos, para os liberais o princípio que regia este pensamento era o da liberdade, explicando, para eles as escolhas livres determinavam o papel de cada um na sociedade, uma vez que todos os seres humanos partiam da mesma situação originária.
Achei interessante dar um panorama geral e deixar o Beco aberto às discussões sobre o tema. Como está a nossa educação hoje!? Se ela não é para todos, onde estão os ideais?! A educação que existe é emancipadora!?

TEXTO: CUNHA, Luiz Antonio. Educação e Desenvolvimento Social no Brasil. F. Alves: Rio de Janeiro, 1979. O papel social da educação.

Um comentário:

  1. Muito bom este breve apanhado geral dos grandes teóricos da educação. Acredito que o modelo educacional não é emancipador. As apostilas, o vestibular, a arquitetura das escolas, os métodos predominantes nos quais os professores são formados... não favorecem o trabalho do educador. No entanto, não podemos desconsiderar que o educador, enquanto indivíduo, pode, e deve quando tiver tal consciência, intervir no sistema e realizar um trabalho REAL de CONSCIENTIZAÇÃO, que rompa com uma concepção da educação enquanto processo de transmissão de conhecimento (educador -> aluno) e realize uma ação DIALÓGICA de construção, em comunhão, de um conhecimento, por parte de educadores e educandos, CONSCIENTE de si e do mundo em que se vive.

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