terça-feira, 21 de abril de 2009

Educação e Inconfidência Mineira

Boa noite, caro leitor.

Hoje o Brasil inteiro não trabalha (ou pelo menos, deveria não trabalhar). Não, isso não é culpa da crise que gera milhões de desempregados. E também não é final de copa do mundo, nem feriado religioso. O que comemoramos hoje é a Inconfidência Mineira.

Resumindo o que a maioria das pessoas aprende no colégio: um grupo de pessoas, na cidade de Vila Rica, inspiradas pelos ideais vindos da Europa, planejava uma insurreição que libertasse o Brasil da Coroa Portuguesa, constituindo-se uma primeira movimentação favorável à independência.

No entanto, a interpretação costumeira dos fatos costuma ser equivocada. Primeiro, não havia um sentimento de unidade nacional, ou seja, os conspiradores não planejavam libertar a nação, mas sim a própria capitania. Em segundo lugar, os descontentamentos com a Coroa não eram tão político-sociais quanto econômicos: os realizadores eram pessoas ligadas às grandes propriedades de terra que estavam descontentes com os tributos exigidos pela Metrópole e o intervencionismo do governo português na conduta econômica. Além disso, pela própria origem dos "revolucionários", não se tinha um projeto de libertação dos escravos.

O lema da revolução Libertas Quæ Sera Tamen (Liberdade ainda que tardia) era uma alusão apenas a uma liberdade política e econômica para que os fazendeiros lucrassem mais e tivessem maior influência. Não era um movimento de caráter popular, nem ao menos se almejava maior participação política das classes subalternas.

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, o qual nem se sabe se foi um líder real da conspiração ou um mero "bode espiatório", foi transformado em herói nacional no Brasil republicano. Transformou-se numa figura que liga o povo brasileiro ao ideário da liberdade e fortalece a identidade nacional, como se constituíssimos uma nação realmente livre e soberana. Como se seu povo tivesse alcançado a liberdade.

Infelizmente, até hoje a educação nacional carrega consigo uma certa idolatria à figura de Tiradentes e transmite uma sensação de heroísmo dos inconfidentes. É evidente que nada disso é inocente. Deixo para os leitores adicionarem mais curiosidades e desmistificações do movimento, bem como debaterem acerca da necessidade que se tem de se promover, falsamente, figuras como Tiradentes que se transformam em heróis nacionais que nunca foram.

Um abraço a todos,

Bentinho.



Ao som de: Maria Rita - A Festa
(plagiando o hábito de meu amigo Snoopy)

4 comentários:

  1. por um lado, há uma certa "magia" na História por essa multiplicidade de interpretações e reproduções, etc.

    por outro, realmente, sabemos que a História ensinada em nossas escolas nem sempre é a autêntica...

    e, ainda, vivo me questionando, quem é quem tem essa verdade histórica?!

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  2. Uma coisa é fato: a história da inconfidência foi mto bem usada para o Brasil se tornar uma republica, e a mistificação de Tiradentes como mártir foi usada em várias ocasiões na história.Mas como a nossa postante acima levantou, quem tem a verdade histórica?A verdade histórica e subjetiva, tendo em vista que quem conta a história conta a verdade.

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  3. Um ótimo post ao som de uma boa música!!!

    Concordo com Ateu no ponto de quem conta a história escolhe o que é verdade ou não.Por mais clichê que isto soe.

    Um abraço amigo!

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  4. Dica do dia: não há crase antes de masculino!

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