domingo, 19 de abril de 2009

Não-roubo?

Era uma vez uma casa muito engraçada.
Tal casa alocava-se em uma via escura de um bairro que remetia mais a um feudo.
Nessa casa moravam cinco rapazotes que se destacavam por sua malemolência típica dos povos tropicais. Porém eram determinados em sua vida acadêmica (tá, nem todos) e suavam para ter e compartilhar uma renda monetária entre os demais e assim fazer daquele local o menos miserável possível (a não ser pela limpeza, que era algo secundário).
Um belo dia, logo após a páscoa, três deste rapazotes voltavam fatigados de mais um dia de labuta e após subir a dura rampa que os leva pra casa deslumbravam vagamente a possibilidade de descanço.
Chegando lá, como já estavam em atraso com o alto aluguel, se deslocaram até a surrada porém charmosa caixinha donde juntavam seus míseros trocados e, para surpresa de todos, estava vazia!

Não é possível! - exclamava um.
Deve ser brincadeira! - exclamava outro.
Mundo mundo, vasto mundo! - recitava ainda o outro.

Fato é que tal humilde residência fora roubada, e os cinco rapazotes ficaram com uma casa nada engraçada, sem mesa, sem dvd, sem dinheiro nem nada.


Saudações Pessoas!

Tal história se repete todos os dias.
Normalmente é com o vizinho ou com a mulher que chora na televisão, você fica chocado por alguns segundos depois muda de canal e termina seu miojo.
Mas quando acontece com você, primeiro vem a revolta e depois os questionamentos.
Você queria por que queria que a policia tivesse ali e prendesse o maldito.
Você queria ver o rosto do cara e queria ter suas coisas de volta.
Mas você sabe que o cara que roubou provavelmente tá mais na merda que você.
Sabe que o cara roubou porque naquela escura rua só tem gente surfando em dinheiro e pensa que você é um deles.
Sabe que isso não é uma escolha de vida, como muitos afirmam, mas que o cara foi/é coagido a fazer isso.

Enfim, como o tema é livre e o dia ja ta acabando, é isso que tenho em mente e compartilho com vocês.

"A propriedade é um roubo; portanto, não sou ladrão."
(Gino Amleto Meneghetti)

5 comentários:

  1. eu só vim oferecendo um tema idiota, uma idéia nada original, um formato convencional.

    e tu me dá um tapa na cara com isso?
    ta sensacional.

    ok, vou voltar paras minhas prosas nada engajadas e totalmente egoístas, com o rabinho entre as pernas.

    pode treinar que eu fui pro banco.

    =*

    (e, sim, sou incapaz de fazer comentários inteligentes quanto a violência cotidiana)

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  2. "Mundo, mundo, vasto mundo.
    Se eu me chamasse Antonio Ermírio, seria mais rico"

    Esses dias eu estava assistindo a mais uma briga entre torcedores de futebol e pensei: "A maioria desses caras deve trabalhar duro, ganhar pouco, ser explorado cotidianamente... e não reagem. Como podem, no entanto, arriscarem suas vidas em confrontos desnecessários por causa de um esporte que sequer praticam?" Até agora, não sei a resposta. Não vou ficar aqui divagando sobre os efeitos maléficos de uma mídia que visa apenas sua própria prosperidade, ao custo de uma formação de consciência popular de prioridades invertidas.

    Enfim, acho, sim, que o contraste social é uma das principais causas da violência e da criminalidade. Mas não podemos nos esquecer que vivemos, no Brasil, um estado de anomia social, de fragilidade legal, de desrespeito coletivo às normas básicas de convívio e altruísmo. Tudo isso é fomentado pela criminalidade política que dá mal exemplo; por uma polícia que, recebendo mal e sendo mal preparada, trabalha mal (e quando age, faz mal uso da violência); pela falta de fiscalização de leis diversas; pelo desrespeito aos direitos sociais garantidos na constituição, etc.

    Por ora, basta.

    Abraços aos meus colegas de Beco.

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  3. meus caros, vou compartilhar um caso também...

    conheço uma escolinha de futebol de meninos carentes, ultimamente surgiu um baixinho marrento demais, exige que jogue, xinga todo mundo, um Romário em proporções ora menores (em tamanho e idade) ora maiores (muito mais marrento!).

    eis que descobri sua história: ele é filho do chefe do tráfico... quem vai peitar ele? com menos de 10 anos, ele sabe o "poder" que tem e, se o futebol não der certo, qual o caminho que ele vai seguir hein?!

    =/

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  4. Eu particularmente me diverti com seu breve conto minha criação.Se real ou não, foi divertida, até entrar no mérito do "surfando no dinheiro".Infelizmente meu mundo não é justo, mas diga qual a graça se fosse?

    O Onipresente

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  5. O roubou confundiu um pouco você? Descanso é com S!

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