sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Para poucos

Caros , boa noite.

Antes de iniciar meu post devo desculpas, já que posto com 24hrs de atraso.

Bem, intenciono em meu primeiro post chamar atenção para algo que me envergonha e indigna muito: o preço dos livros no Brasil.

É impressionante. É muito difícil, para não dizer impossível, comprarmos uma obra por menos de R$ 30. Não entendo isso, acho que jamais vou entender! Com tantos livros no mercado, com tantas livrarias no Brasil - além das opções da internet - os preços são altíssimos!Os livros da moda, então, são impossíveis de serem adquiridos por menos de R$50, e claro, o valor da revenda é infímo, insignificante.

Certa vez li que a nova tendência das editoras era o re-lançamento de obras já bem sucedidas, cultuadas, em edições de luxo. Assim, lançou-se Grande Sertão Veredas, Dom Quixote em edições com capa dura, papel sofisticado e detalhes dourados. Bem, não há que se discutir o preço da edição de luxo, já que a edição regular da obra de Guimarães Rosa sai, em média, por R$60.

Essa situação me indigna e envergonha por duas razões: a primeira é por que a cultura/lazer é um direito de todos, e esse absurdo impede que muitos tenham acesso aos livros. É claro que há a opção das bibliotecas, entretanto, tenho para mim - me corrijam se estiver errado - que o nosso hábito de frequentar as bibliotecas públicas é tão pequeno quanto seu número.

A segunda é o quanto deste valor realmente é revertido para o autor. Assim como no caso das gravadoras, as editoras lucram muito mais do que o artista. Se o artista vem a lucrar, claro. Certa vez tive a desagradável experiência de tomar conhecimento que, com a publicação de um livro, cabia a muitos novos autores de textos literários ou didáticos apenas uma cota de livros editados. Para o escritor, então, não basta conceber um obra e dar a ela vida, é prciso convencer o editor de que ela é digna de ser publicada e ainda vendê-las, para, então, poder arrecadar algum dinheiro.

Os livros em versão pocket são mais acessíveis, cabe aqui dizer. Edições como as da Martin-Claret chegam a custar muito menos que a metade das publicações semelhantes de outras editoras. Mas essa edição só se dá, em geral, de textos clássicos, grandes obras. E o novo escritor? Como fica?

Acredito que a diminuição dos preços dos livros seria benéfica para o autor, cuja obra teria mais alcance e para o leitor, que poderia ler mais, melhor e por menos. As editoras? Bem, as editoras já têm dinheiro o suficiente, penso eu. Mas certamente a situação vai continuar como está e a cultura, assim como tudo em nosso país, continuará assim: para poucos.

5 comentários:

  1. Pois é companheiro (ou companheira?!), acerta quando diz que muitas coisas em nosso país é para poucos.

    Também me revolta o valor dos livros, embora haja um custo fiscal abusivo em nosso país (que afeta qualquer ser, indústria e comércio verde-e-amarelo), as editoras acabam superfaturando mesmo!

    Mas, sinceramente, em meus jovens anos de vida, ainda não encontrei o que eu, consumidora, posso fazer, aceito sugestões...

    ResponderExcluir
  2. O pior de tudo é nao podermos fazer muito... o que fazemos é xerocar para a faculdade...
    mas nada como ter a própria obra, em forma de livro mesmo...
    muito complicado isso...

    ResponderExcluir
  3. Pois é srta Carmen Sandiego,
    vc apresentou alguns outros problemas do nosso país, um deles, impresionante: o fisco! Temos muitos impostos, mas temos muitos sonegadores. Como esquecer a operação Narciso e a Daslu, que vendiam por mais de R$20 mil, vetidos que alegavam custar menos de Us$20. Um absurdo ou não? Ganham às nossas custas MUITO dinheiro. Mas temos o hábito de achar que sonegar, roubar do governo não é tão grave assim. Eu acho que é. Quem sonega impostos e tentar se livrar do dever que lhe cabe - se é justo ou não é outra história - está roubando de mim,de nós, que arcamos com nossas despesas.

    Como consumidora de livros tenho comprado cada vez mais de sebos, e baixado na internet os textos. Mas não tenho certeza se essa é a melhor solução!

    Abraços

    ResponderExcluir
  4. Realmente é muito dificil falar de lazer e de cultura, principalmente, aliados a baixos preços.
    Também não sei se teria alguma solução, visto que a sociedade como um todo (sem generalizar td) acaba aceitando isso..
    Mas querida Dois pra lá, dois pra cá. Acho que se pensarmos do ponto de vista dos artistas e escritores, baixar livros e textos ou até músicas, que é bem mais corriqueiro, não seria uma boa alternativa.
    E ai? O que fazer? Pensemos nisso.

    ResponderExcluir
  5. Então brasileirinha, eu também achava que baixar livros e músicas não era uma boa alternativa. Mas uma vez fui a uma palestra sobre direito autoral muito, muito esclarecedora!
    POis bem, o advogado dizia que essas propagandas de "diga não à pirataria" são a mais pura bobagem, pagas pelas gravadoras. Só elas arrecadam diretamente com as vendas, o artista não. Os artistas arrecadam atualmente com os shows, isso explica por que as gravadoras vêm tentando inserir cláusulas de ganhos em cima deles também.

    Mas bem, o argumento do palestrante era de que, ao baixar uma música e conhecer o artista você pode até deixar de comprar o cd, mas se tiver oportunidade não vai deixar de ir ao show.

    Quanto aos escritores, penso do mesmo jeito. Depois que comprei em sebos, li um pouco do autor de formas alternativas, vou buscar comprar sua obra. Não?

    Não sei, esse cara me ganhou MESMO nessa palestra...

    ResponderExcluir