domingo, 7 de dezembro de 2008

Capitalismo e Meio Ambiente

Max Weber (sim, de novo ele) traz que o capitalismo, dentre outras características, é marcado sobretudo pela "avidez sem limites pelo lucro", ou seja, pela ânsia ilimitada pelo acúmulo (o famoso 'espírito do capitalismo'). Não é o caso aqui falar de como Weber trata a origem de tal ganância. O que se foca é sua relação com a questão ambiental.

A atividade humana, o desenvolvimento, o progresso, a práxis social, sempre envolvem, em última instância (em maior ou menor grau) a transformação da natureza em que o homem se insere.

Ora, como o capitalismo gera na conduta subjetiva um desejo ilimitado pelo "capital econômico", a relação homem-meio ambiente se dá de forma devastadora, irracional (curioso: o capitalismo se vale de uma racionalidade extrema em seu economicismo e suas relações burocráticas, mas é irracional em seus fins), pois o que se visa é o dinheiro, o lucro em curto prazo, sejam quais forem as conseqüências aos demais seres.

O Estado, aliado dos grandes produtores que destróem o planeta (em sentido lato), é conivente com a extinção gradual(?) da vida terrena. Tudo em nome do acúmulo. Enquanto isso, é jogada à sociedade civil toda a responsabilidade pela questão ambiental.



Por favor, não sou contra nenhuma campanha defensora do meio ambiente. Só acredito que não basta que os domicílios reciclem todos seus materiais e deixem de jogar lixo na rua. Mesmo que isso aconteça, o ambiente continuará sendo destruído aceleradamente pelas indústrias. Vi recentemente num vídeo que para cada saco de lixo doméstico produzido, as indústrias produzem 70.

Meu posicionamento é (sem falsa neutralidade desta vez): podem fazer a campanha que for, podem surgir milhões de ONGs ambientalistas (cujo trabalho é cada vez mais louvável), mas a depredação ambienta só será reversível se mudar a mentalidade de quem produz, ou seja, se o dito "espírito do capitalismo" for superado, seja através da "conversão" dos proprietários, seja através da eliminação da propriedade.

Mas o que achas? O problema ambiental é típico do capitalismo ou seria superado em outro sistema? É possível mudar as mentes dominantes à respeito dos impactos ambientais sem trasnformar as próprias relações de produção?

Opinem, discutam, discordem, concordem...

Um bom domingo a todos,

Bentinho

4 comentários:

  1. Bendito Bentinho, creio que seja idealismo de sua parte desejar a superação do "espírito capitalista"... (ou seria eu pessimista demais?!)
    Acredito sim, com todas minhas forças, numa educação ambiental séria, em melhor fiscalização e compromissos de recuperação e manutenção ambiental por parte das empresas.

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  2. Concordo... mas isso não só será possível num Estado não instrumentalizado pelos donos das mesmas?

    Não estou simplesmente dizendo "a solução ambiental é abolir a propriedade privada". Não acho que seja a única possibilidade. Na URSS os impactos ambientais não foram mais sutis que no resto do mundo. Na China, então, nem se fala.

    Mas, se o Estado é dominado pelas grandes empresas, ele não levará a fiscalização e punições às últimas consequencias. Ou muda-se essa mentalidade de avidez ilimitada pela grana (que permitira aos grandes proprietários olharem com mais cautela aos estragos que causam), ou inaugura-se uma inédita aliança na história capitalista entre Estado e povo (um Estado sem influências de interesses empresariais - utópico), ou muda-se radicalmente o sistema (aí sim, a supressão da propriedade privada). Outras alternativas?

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  3. Ahhhh sim, agora se expôs melhor ilustre Bentinho... O Estado tem que cumprir seu papel como órgão fiscalizador e, como se diz meros mortais (que não é o meu caso), tornar-se "frio e calculista" para punir as empresas, mas volto a defender a educação ambiental, que só começou a existir de verdade agora que a situação já está caótica.

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  4. Legolas... que nick legal! ainda mais com a piadinha da imortalidade..rs

    É fato que as indústrias poluem muito mais que cada cidadão sozinho, mas acho indispensável investimentos na educação ambiental, afinal de contas se todo mundo resolver não fazer "a sua parte" a coisa toda fica perdida.

    "Um mundo todo vivo tem a força de um inferno" CL

    Concordo com o elfo acima, o Estado deve cumprir seu papel fiscalizador da poluição causada pela produção industrial e nós o nosso de fiscalizadores do Estado. rs

    Até breve! =)

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