quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Big Brother Is Watching You!

Saudações Pessoas.

Pois bem, quem me conhece sabe de minha paixão por distopias literárias.
E como primeira publicação sob o tema literatura é óbvio que minha escolha seria aquela que considero a melhor distopia já feita: 1984 de George Orwell.


Imagine uma sociedade onde o Estado é onipresente: que tem a capacidade de alterar a história, de oprimir e torturar o povo e de travar uma guerra sem fim. Uma sociedade onde a liberdade individual é regulada incansavelmente, principalmente a subjetividade. É esse o mundo retratado por Orwell em sua obra escrita no ano de 1948.

Num futuro incerto e que um personagem calcula ser o ano de 1984, na cidade de Londres, em nome do 'bem comum' e da 'segurança' cada indivíduo é obrigado a ter um aparelho chamado "teletela" (uma espécie de televisão com câmera) que diariamente fica jogando imagens e notícias, ordens e hinos, delimitando o que é verdade e o que não é, ao mesmo tempo que fica gravando tudo que ocorre ao seu redor e enviando ao Estado.

O Estado é simbolizado pelo 'Grande Irmão' (big brother) que além de passar diversas vezes por dia na teletela, tem também cartazes com seu rosto espalhados por todas as ruas e prédios da cidade intimando toda sociedade a respeitá-lo como herói que trouxe o progresso aquela nação.

O lema do seu partido é:

GUERRA É PAZ
LIBERDADE É ESCRAVIDÃO
IGNORÂNCIA É FORÇA

O enredo do livro se dá quando o personagem principal (Winston) resolve ir contra essa ordem para conseguir viver sua individualidade e sem precisar dar satisfações ao Estado, sendo o final totalmente inesperado pelo leitor (pelo menos pra mim foi).

Sendo um militante de esquerda, o autor lutou na guerra civil espanhola pra implantar o regime socialista naquela país. Porém, após uma visita a URSS e conhecendo o Stalinismo, lança esse livro como um alerta aos perigos dos regimes totalitários.

São inúmeras as interpretações possíveis perante esse livro. Muitos associam o 'Grande Irmão' aos Estados Unidos e até mesmo o 'Ministério da Verdade' ao Google. A teletela, é claro, é uma imagem perfeita do computador e assim por diante.

Fato é que esse livro é fonte de inspiração pra diversas mídias:
- Na televisão, o programa 'Big Brother' tem esse nome como uma referência ao controle e ao uso de câmeras, havendo até a 'teletela' onde o apresentador se passa pelo Grande Irmão.
- O site 'Mercado Livre' também tem o nome de referência ao mercado informal presente no livro, onde é o único meio de se comprar sem controle do estado e assim conseguir mercadorias diferentes das oferecidas.
- Os quadrinhos, assim como o fime 'V de Vingança' são óbviamente embasados quase que por inteiro nesse livro, apenas com diferença no desfeixo e em alguns personagens.
- Foram feitos dois filmes sobre o livro, mas não recomendo nenhum deles. Mesmo.


Enfim, autor demonstra que o objetivo de uma guerra não é o de vencer o inimigo, mas sim manter o poder das classes altas, limitando o acesso à educação, à cultura além de destruir os bens materiais das classes baixas para que essas não sejam uma ameaça.

Perdão por me delongar, mas encerro com um trecho do livro:

"O Partido procura o poder por amor ao poder. Não estamos interessados no bem–estar alheio; só estamos interessados no poder. Nem na riqueza, nem no luxo, nem em longa vida de prazeres: apenas no poder, poder puro. O poder não é um meio, é um fim em si. Não se estabelece uma ditadura com o fito de salvaguardar uma revolução; faz-se a revolução para estabelecer a ditadura. O objetivo da perseguição é a perseguição. O objetivo da tortura é a tortura. O objetivo do poder é o poder."

4 comentários:

  1. caríssimo quincas,

    confesso que sua sugestão tornou-se prioridade entre minhas próximas leituras...

    como alguns posts anteriores trouxeram à tona, volto a dizer, o poder é algo extremamente complexo, cuja manipulação pode ser desastrosa enquanto é tão multifacetada...

    abraços!

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  2. Meu caro Borba!
    Excelente sugestão.Eu particularmente acho Orwell um ótimo escritor.Lembremos que em a revolução dos bixos ele deixa claro a crítica a Stalin tanto quanto deixa ao estado russo em 1984.Como nossa querida Amelie lembrou, o poder torna-se desastroso mal usado.

    Abraços do cão!

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  3. Oi Quincas, obrigado pelas visitas!
    Adorei o ensaio sobre o 1984, um de meus favoritos! Um dos filmes que não recomenda, por acaso é o recente "A Ilha"? Achei péssimo...
    De qualquer forma, adorei!

    Nem pensei em publicar, como faria?
    Prazer em conhecê-lo e até mais!

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  4. Defeixo foi triste.

    desfecho, please.

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