quinta-feira, 20 de novembro de 2008


Boa tarde internautas!
Em algumas cidades do país hoje é feriado! Feriado em homenagem a o que mesmo? Ah... aos negros! Pois é “Dia da Consciência Negra”; parece até estranho discutir preconceito racial com a recém vitória de um negro na Casa Branca né, para alguns isso é um sinal de que o preconceito está sendo superado no mundo ocidental, já outros justificam com argumentações do tipo ‘é que a maioria da população norte americana é negra’.
Com ou sem Obama, sabemos que o preconceito racial tem sido combatido por uma série de governos, mas também sabemos que está MUITO longe de ser superado; a criação de ONGs e comunidades humanitárias caminha no mesmo ritmo que a criação e/ou manutenção de grupos neo-nazistas e similares... quando achamos que estamos superando a discrimanação racial ela se consolida com total força em outras partes do mundo, ou do nosso país, ou do nosso estado, ou da nossa cidade, não é mesmo?

Acabei de me lembrar de um projeto do governo Vargas para “branquear” a população brasileira, chega a ser cômico, não podemos ignorar todos os outros aspectos positivos do governo dele, mas branquear a população de um país de grande maioria mestiça é querer consolidar (mais uma vez) o domínio ideológico do branco-europeu-superior contra o negro- escravo-inferior! Temos que parar de pensar e analisar tudo de acordo com os padrões americanos e europeus, a nossa história é diferente da deles, o nosso país também, nossa população tem diferentes valores e realidades! Mas aí vem uma elite (branca) que acha glamuroso viver como vivem os europeus, que ignora os negros esquecendo que foram eles que levantaram o país às custas de seu próprio suor, sobre condições não humanas. Mas na hora do Carnaval todo mundo para pra ver os ‘negões’ e as ‘negonas’ sambarem espetacularmente, na hora do futebol todo mundo torce pro Ronaldinho Gaúcho, pro Robinho e os tratam como verdadeiros heróis nacionais!

Mas quando um negro está na mesma calçada a noite, todo mundo (sem querer generalizar, mas de certa forma generalizando) se arrepia e fica desconfiado né? O mercado de trabalho brasileiro confirma cada vez mais esse preconceito imbutido: há uma diferença tremenda entre o salário de um negro e o salário de um branco para o mesmo cargo, a mulher negra é mais mal paga do país (mas também né...empregadas domésticas, tão querendo o que?) a hierarquia dos salários é formada por homens brancos no topo e negros na base, mas na hora de entrevistar um empregador ele jamais fala que tem esse preconceito; e isso é o pior de tudo no nosso país (na minha opinião): o preconceito que a gente sente é velado, ninguém fala que sente, ninguém saí na rua defendendo os brancos ou exibe com orgulho a carterinha de sócio da Sociedade Eugênica de São Paulo por exemplo. E é por isso que eu acho tão difícil ser combatida toda essa discriminação no nosso país, porque em um primeiro olhar superficial, de pesquisas de opinião superficiais... parece que o preconceito quase não existe, ou que está sendo superado rapidamente, que o nível de integração nacional está alto!

E quais são as medidas adotadas pelo nosso governo? Feriados, exigência legal de um certo número de empregados negros nas empresas, “cotas nas Universidades”? Não vou me alongar sobre esse assunto porque acho que cabe a outro post e porque é tão polêmico quanto este, mas acredito que nosso governo não age na real base estrutural do problema, ele apenas vai lapidando as exteriorizações decorrentes deste problema!


O agir deve ser sob a consciência do povo brasileiro; tentando suprir essa rídicula concepção que nós temos desde sempre de que o ‘estilo de ser’ europeu-americano é o que deve ser tido como ideal a ser alcançado, isso é um absurdo!!! E dificulta cada vez mais a formação de uma identidade nacional com reconhecimento das nossas raízes e acolhimento de todas essas diferenças que no final das contas nos tornam apenas um: brasileiro!



Saudações! Vou comer um acarajé em comemoração ao grande dia!

5 comentários:

  1. Branco, negro, indígena, oriental... Brasileiros, estadunidenses, europeus, australianos, havaianos, africanos, japoneses...
    fodam-se esses rótulos.
    Somos seres humanos. Não somos "raças" diferentes, porque não temos diferenças consistentes dadas pela cor da pele. Temos, sim, culturas diferentes, e alguns fatores biológicos, obviamente. Fatores superficiais. Que não tem nada a ver com índole, cognição, ou qualquer tipo de superioridade.

    Porque, acima de tudo, somos todos seres humanos. Somos do gênero humano, da raça humana. TEMOS O MESMO VALOR. Um valor infinito...

    "Salve meus irmãos africanos, e lusitanos, do outro lado do oceano. O atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que água do mar" (Gabriel Pensador)

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  2. Não sei...
    Pensando aqui com meus botões continuando achando que o preconceito racial em nosso país é mínimo.

    O que ocorre é preconceito de classe, esse sim é fortíssimo!
    Mas acontece que devido a nossa história escravagista a questão de classe e ""raça"" se misturam.

    Pra mim um negro pobre é tratado com tanto preconceito quanto um branco pobre e o Obama só ganhou porque é negro rico, ou seja, é tratado como branco rico.
    Rico me refiro a capitais culturais, sociais e econômicos.

    Sou a favor de um feriado em homenagem a Zumbi e sua luta (apesar dos apesares das coisas que ele fez), mas não concordo com esse papo de 'Consciência Negra', que pra mim só estimula uma estratificação ainda maior.

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  3. Caro colega Quincas,
    É com grande estima que acolho sua mensagem, mas permita-me a discordância:
    concebo a situação em dois âmbitos, que na realidade empírica se confundem: na esfera sócio-econômica e na esfera cultural, ambas herdeiras do passado escravista.

    Na esfera socio-economica, devemos nos lembrar que, com a abolição, os negros foram largados à propria sorte, sem moradia, sem alimento, sem dinheiro, etc. Como consequencia, temos uma enorme maioria de negros dentre os pobres, o que, por consequencia, faz com que, nesse sentido, o preconceito social se confunda com o preconceito racial.

    Na esfera cultural, é preciso lembrar que se tinha uma cultura de desprezo e inferiorização em relação ao negro. É a cultura imersa numa situação em que o negro era VENDIDO. Os próprios jesuítas, que defendiam os indígenas frente aos exploradores alegando que os indios tambem eram seres humanos, não tinham a mesma postura em relação ao negro: eles eram efetivamente desumanizados. Essa cultura de inferiorização do negro foi se reproduzindo por rejeições cotidianas insensatas, teorias "cientificas" que buscavam legitimar o racismo e piadas preconceituosas.

    O racismo existe sim: no mercado de trabalho, na política, etc. A questão social é presente, mas a questão cultural, do racismo enquanto feição cultural que se reproduz, é inegável e preocupante.

    Já escrevi demais, caro colega.
    Até um próximo encontro.

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  4. Dia da consciência... já estaríamos noutro planteta. Rs

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  5. Consciência?
    O que é isto ?

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